terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

E é assim que se dança o tango.

Dizem que o tango é uma dança triste, a submissão da mulher, a agressividade mesclada à sensualidade e o ritmo sincopado fazem dessa dança uma entrega passional. Na medicina a síncope é explicada como sendo uma parada súbita dos batimentos cardíacos ou parada respiratória, e a principal característica da síncope é que ela é involuntária. O ritmo em síncope do tango não acontece da mesma forma, a síncope musical é quando uma nota de um compasso se une a nota do compasso seguinte fazendo dela uma só. 
As definições são de âmbitos diferentes, mas estão intrinsecamente ligados, a música toca e as notas se unem, os corpos se juntam, movimentam-se, a respiração é ofegante, corpos suados e conectados, o condutor lança sua dama para o meio da pista para depois resgatá-la num giro sedutor e envolvente. A dama não sabe qual será o próximo passo, logo ela sucumbirá, a respiração para por um instante mas o coração jamais.
A dança continua, a música sobeja o ambiente, e entre tantos passos, tanta submissão o que vem a seguir é uma ação quase que involuntária, os corpos cedem em um movimento conhecido, não há necessidade de explicações. O condutor já não precisa dizer para onde ir, ele lança a dama para o meio do salão, porém desta vez ele não a resgata, prefere ir junto tornando a nota do compasso uma só.